Século XXI: a Era do Ctrl+C & Ctrl+V

Era uma vez um mundo onde as pessoas pensavam por si mesmas. Parece ficção científica, mas dizem que isso já existiu. Hoje, nos meados da terceira década do século XXI, vivemos a era do "repetir para pertencer". Se alguém viraliza dançando com um "jacaré" no colo, prepare-se: em poucas horas, uma legião de destemidos influencers estará abraçando “calango” com a naturalidade de quem abraça a avó no Natal. Afinal, nada diz mais "autenticidade" do que fazer exatamente o que todos estão fazendo, não é mesmo?

As redes sociais tornaram-se as grandes orquestradoras desse fenômeno. Antigamente, copiávamos as roupas da celebridade da novela das oito; agora, copiamos tudo: a rotina matinal do milionário, o café da manhã da blogueira “fitness”, a indignação do “post” mais “curtido” e até a maneira exata de rir nos vídeos (sim, porque "kkkkkkk" é ultrapassado; agora, temos risadas padronizadas acompanhadas de "emojis" estratégicos).

A individualidade, coitado, virou artigo “ultrapassado” (ou como diz na modinha é “vintage”), dessas raridades que encontramos em sebos virtuais. Por que ser você mesmo quando pode ser a versão reciclada de alguém que já foi reciclado de outro alguém? O “algoritmo” aplaude e recompensa quem segue a cartilha: gostos formatados, opiniões em série e um senso de estilo que oscila entre o “trend” e o “já saiu de moda” em questão de minutos.

E assim seguimos, como exércitos de clones digitais, reproduzindo os mesmos desafios, as mesmas frases motivacionais e a mesma ilusão de exclusividade. Claro, sempre acreditando que somos diferentes. Porque, ironicamente, nada é mais comum hoje do que se achar único.

Mas quem sabe um dia, por um acaso do destino (ou um bug nas redes sociais), alguém se arrisque a ser genuíno novamente. Até lá, seguimos firmes na missão de repetir o que já foi repetido, na esperança de que a próxima tendência nos diga como devemos nos comportar amanhã.