
Lê para crê

Dizem que o conhecimento é poder, mas e se ninguém se interessar por ele? O livro repousa na estante, coberto de poeira, aguardando mãos curiosas que nunca chegam. Enquanto isso, o mundo lá fora corre, as redes sociais fervilham, as notícias vêm mastigadas em manchetes rasas, e a reflexão se torna artigo de luxo.
Ler um livro não é apenas decifrar palavras. É construir pontes para lugares onde os pés jamais pisariam. Quem lê habita múltiplas realidades, sente dores que não são suas, se emociona com vidas que nunca existiram. O leitor voraz tem uma vantagem sobre o resto do mundo: ele enxerga além do óbvio.
Enquanto alguns vivem à mercê do imediatismo, o leitor compreende o tempo em camadas. Ele sabe que a pressa rouba o entendimento, que a história se repete para quem não a conhece e que a verdade não se resume a 280 caracteres. Ler ensina paciência, empatia e pensamento crítico – virtudes escassas em tempos de opiniões rápidas e superficiais.
Um livro não apenas informa; ele transforma. Ele perturba, incomoda, destrói certezas confortáveis e planta dúvidas necessárias. Só quem lê entende que há sempre mais para descobrir, que o mundo é um texto interminável, esperando ser decifrado. Mas o livro continua lá, fechado, ignorado, esquecido. E assim seguimos, rodeados de páginas silenciosas enquanto nos afogamos no barulho de um mundo que já não sabe mais pensar.
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